Preços da carne podem cair em breve, aponta pesquisa

A previsão de um aumento recorde na produção de várias commodities durante a safra 22/23, juntamente com uma previsão de crescimento de 11,6% no PIB agrícola deste ano, está posicionando o Brasil como um dos principais competidores no mercado internacional. Essa informação foi destacada na nota “Preços e Mercados Agropecuários”, divulgada nesta terça-feira (2) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

No entanto, a situação pode mudar em relação aos preços de alguns dos principais produtos, como soja, milho e trigo, que apresentaram queda tanto no mercado interno quanto no internacional no primeiro trimestre deste ano. Apesar da quebra de safra na Argentina e no Uruguai, a soja está sendo negociada no menor patamar desde 2020, mas a oferta do grão não está ameaçada. Isso se deve ao crescimento expressivo da produção no Brasil, que é o maior produtor e exportador do grão, e às boas perspectivas para os Estados Unidos, outro grande produtor, segundo o coordenador de Crescimento e Desenvolvimento Econômico do Instituto, José Ronaldo Souza Júnior.

Situação do Milho e Especificidades da Carne Bovina: Análise do Coordenador do Ipea

Os preços internos de milho estão sendo pressionados pela safra recorde no Brasil, mas de acordo com o coordenador do Ipea, a situação do cereal não é tão negativa quanto a da soja, uma vez que os patamares produtivos mundiais não são tão favoráveis. Embora o cenário em abril não tenha sido positivo em termos de preço, a queda é esperada para ser mais limitada. No que diz respeito à carne bovina, o especialista identifica particularidades.

“Temos barreiras às exportações em diversos países e tivemos o problema localizado da ‘vaca louca’ que trouxe impactos temporários nos embarques, sendo que o Brasil mesmo adotou medidas restritivas que foram retiradas posteriormente, mas isso trouxe impactos negativos nos primeiros meses”, disse José Ronaldo.

Ainda, de acordo com José Ronaldo essa disparidade nos preços entre o mercado interno e externo pode ser explicada pela falta de liberdade na exportação de carne em comparação a outras commodities, como a soja. Ele afirma que, com a melhoria das exportações e o fim dessas restrições, há uma tendência de melhoria nos preços e aumento nas exportações, o que é um cenário diferente do que se vê para os grãos.

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Fonte: Canal Rural