Montadoras de veículos param produção no Brasil e revelam motivos

As fábricas de veículos no Brasil pararam de produzir novamente devido à falta de consumidores, além da escassez de componentes, principalmente semicondutores, que já havia causado paralisações nos últimos dois anos. A desaceleração da economia, inflação alta e juros elevados estão frustrando as expectativas do setor, e isso levou algumas empresas a ajustarem seus planos de produção.

A partir de segunda-feira (20), pelo menos três grandes empresas, General Motors, Hyundai e Stellantis, vão suspender linhas de produção e dar férias coletivas aos funcionários. Economistas do Bradesco preveem que a situação de desaquecimento de vendas pode durar até 2024, e novas paradas de fábricas podem ocorrer.

A unidade da Hyundai em Piracicaba (SP) concederá férias coletivas de três semanas para os trabalhadores dos três turnos que produzem os modelos HB20 e Creta. A fábrica da Jeep em Goiana (PE) dispensará os funcionários do segundo turno por 20 dias e, uma semana depois, os do primeiro e do terceiro turnos por dez dias, interrompendo toda a produção dos SUVs Renegade, Compass, Commander e da picape Fiat Toro. 

A General Motors também suspenderá a produção da picape S10 e do SUV Trailblazer na planta de São José dos Campos (SP) por um período de 18 dias. Além disso, a fábrica que produz os modelos das marcas Peugeot e Citroën, pertencente ao grupo Stellantis, encerrou o segundo turno de trabalho em Porto Real (RJ) e antecipou a dispensa de 140 funcionários com contratos temporários no final de fevereiro.

Falta de semicondutores

As montadoras brasileiras estão reduzindo sua produção devido à queda na demanda por veículos. As empresas afirmam que estão adequando os níveis de produção de acordo com a queda nas vendas, especialmente no caso das marcas francesas, cujas exportações estão sendo mais impactadas.

De acordo com o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco (Depec), a demanda será o fator-chave para o cenário da indústria automobilística em 2023-2024, ao contrário do último biênio em que a oferta era o principal desafio. As vendas de veículos no Brasil caíram de 2,787 milhões de unidades em 2019 para 2,104 milhões de unidades em 2022, uma queda de 24,5%.

O setor automotivo enfrentou problemas devido à falta de semicondutores, o que levou a uma perda de produção de 630 mil veículos nos últimos dois anos. Embora ainda persista, a falta de componentes diminuiu e as montadoras estão recuperando seus estoques. 

Algumas fábricas, como a Volkswagen em Taubaté, suspenderão a produção temporariamente para evitar um grande acúmulo de estoques que poderia baixar os preços dos carros. No fim de fevereiro, havia bastante carros estocados, suficientes para 40 dias de vendas. Os preços dos carros usados pararam de subir e até promoções nas vendas de carros novos estão de volta.

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