Maior parte dos gaúchos não tem boa conectividade de internet; veja dados

A universalização da internet no Brasil é uma realidade quase alcançada, mas até que ponto todos conseguem se beneficiar dela de forma significativa? Um estudo inédito do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) traz à tona essa discussão, revelando dados preocupantes sobre a conectividade significativa no país e, mais especificamente, no Rio Grande do Sul.

O que é conectividade significativa?

Antes de prosseguirmos, é fundamental entender o conceito de conectividade significativa. Não se trata apenas de ter acesso à internet, mas de como esse acesso permite um aproveitamento real das oportunidades que a tecnologia oferece. A partir de variáveis como custo da conexão, uso diversificado de dispositivos, tipo e velocidade de conexão, e frequência de uso, o estudo desenvolveu uma escala de conectividade que vai de 0 (ausência de conectividade) a 9 (alta conectividade).

No coração desse dilema, encontram-se disparidades marcantes que afetam principalmente as camadas mais vulneráveis da população, sendo um obstáculo concreto para o desenvolvimento social e econômico.

Dados revelam nível insatisfatório no RS

No RS, apenas 30,6% da população com mais de 10 anos alcança condições satisfatórias de conectividade, colocando o estado como o terceiro melhor no ranking nacional, atrás somente de São Paulo e Distrito Federal. No entanto, essa posição aparentemente privilegiada esconde uma realidade de desigualdade e exclusão digital alarmantes. A nível nacional, o cenário é ainda mais grave, com apenas 22% dos brasileiros atingindo um nível de conectividade que possa ser considerado satisfatório.

A resposta a essa pergunta reflete diversas facetas da vida cotidiana afetadas pela conectividade. Graziela Castello, coordenadora do estudo, ilustra bem a situação ao comparar dois jovens com acessos distintos à internet. Um que depende exclusivamente de um pacote de dados móveis limitado e outro que tem conexão ilimitada em casa e acesso a diversos dispositivos. As oportunidades de desenvolvimento, formação e inserção profissional divergem drasticamente entre esses dois perfis.

A análise detalhada do estudo mostra que apenas 18% dos pretos e pardos alcançam a faixa mais alta de conectividade, em contraste com 32% entre os brancos. Na esfera socioeconômica, enquanto 83% da classe A se encontra na melhor faixa de conectividade, apenas 1% das classes D e E compartilha dessa realidade.