Apenas 18% do bares e restaurantes do RS obtiveram lucro em fevereiro de 2024

O cenário para bares e restaurantes no Rio Grande do Sul no mês de fevereiro foi menos lucrativo do que o esperado, segundo dados recentemente divulgados pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Apesar do clima de otimismo gerado pelo Carnaval, um período tradicionalmente favorável ao setor, a realidade mostrou-se desafiadora.

Impacto do Carnaval não foi o Esperado

De acordo com a pesquisa da Abrasel, 82% das empresas do segmento não conseguiram gerar lucro no segundo mês do ano. Destas, 55% fecharam o mês com prejuízos, enquanto 27% apenas conseguiram operar sem perdas ou ganhos. Apenas uma pequena fração, 18%, reportou algum tipo de lucro durante o período.

Esse quadro marca o pior desempenho para o mês de fevereiro desde 2022, quando 23% das empresas registraram algum lucro. O levantamento aponta ainda para um cenário ainda mais crítico em janeiro do mesmo ano, com apenas 11% dos estabelecimentos alcançando resultados positivos.

Desafios e perspectivas para o setor

Segundo João Melo, presidente da Abrasel no RS, diversos fatores contribuem para esse cenário, incluindo o calendário de fevereiro, que conta com poucos dias úteis e feriados prolongados. Muitas pessoas aproveitam o período para viajar, especialmente ao litoral, o que impacta diretamente o movimento nos estabelecimentos urbanos. Melo também alerta para o possível impacto de mudanças na alíquota do ICMS sobre o custo dos alimentos, o que poderia agravar ainda mais a situação.

Apesar dos desafios, há um vislumbre de otimismo entre os empreendedores. Cerca de 23% dos entrevistados pela Abrasel manifestaram intenção de contratar novos funcionários no primeiro semestre, visando especialmente datas comemorativas como o Dia dos Namorados e o Dia das Mães. No entanto, a maioria (52%) pretende manter seu quadro de funcionários atual, enquanto 19% projeta demissões e 6% ainda não definiu seus planos.

A pesquisa ainda revelou que um terço das empresas do setor possui dívidas em atraso. A maior parte dessas pendências é relacionada a impostos federais, mencionados por 79% dos que têm dívidas, seguido por impostos estaduais e empréstimos (48%). No que tange à inflação, adaptar os preços tem sido um desafio, com 45% dos estabelecimentos sem capacidade de aumentar seus preços acima do índice inflacionário no último ano. Por outro lado, 44% conseguiram ajustar seus preços conforme a inflação e apenas 11% os reajustaram acima desse índice.

Os dados da Abrasel refletem a complexidade do momento atual para os bares e restaurantes gaúchos, pressionados por fatores econômicos adversos e o próprio comportamento de consumo da população. A expectativa é que os próximos meses tragam melhores resultados, mas o setor permanece em alerta diante das incertezas econômicas e tributárias.