Rio Grande do Sul apresenta maior presença de religiões afro do país

As religiões afro têm marcado cada vez mais sua presença no Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul. De acordo com dados do Censo Demográfico 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há uma quantidade significativa de diferentes grupos religiosos em Porto Alegre. A população de católicos teve queda de 12% em relação ao Censo de 2000. Já a população que se declara Evangélica, Espírita ou sem Religião teve aumento no mesmo período.

De acordo com Ricardo Mariano, doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUCRS “não há nenhum estado brasileiro que tenha maior proporção de adeptos dos cultos afro-brasileiros do que no Rio Grande do Sul. Na Bahia, por exemplo, os adeptos dos cultos afro-brasileiros declaram-se católicos. Uma das razões para isso, é o sincretismo religioso forte, então para o Censo, o Rio Grande do Sul é o estado que a proporção de umbandistas e candomblecistas é maior no país”, disse entrevista ao ObservaPOA.

O pesquisador também explica que a diminuição de católicos se deve a falta de conhecimento das doutrinas da religião. “Tradicionalmente grande parte daqueles que se identificam como católicos no Brasil, não são praticantes da religião. São católicos nominais, se dizem católicos porque nasceram em famílias católicas, mas não freqüentam a igreja, desconhecem as doutrinas católicas e não seguem os preceitos morais do Catolicismo, como também estão expostos ao poder exercido pelas autoridades eclesiásticas.”, disse.

Moradores de Porto Alegre dificilmente têm religiões

Na época da pesquisa, o pesquisador também revelou que o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro que tem maior proporção de adeptos dos cultos afro-brasileiros. Em contrapartida, Porto Alegre, capital gaúcha conta com diversos moradores que se declaram “sem religião”. O especialista também acredita que o maior poder aquisitivo dos moradores de Porto Alegre faz com que eles não sejam adeptos a cultos ou outras crenças religiosas.

“A hipótese mais provável é que este grupo religioso se instala e cresce nas regiões periféricas das cidades, onde a Igreja Católica e o Estado não atendem de forma satisfatória os mais pobres. Este tipo de grupo religioso chega ofertando soluções mágicas para problemas que a maior parte da sociedade possui, tanto em âmbito financeiro, como em âmbito religioso. Dessa forma, como Porto Alegre, de um modo geral, possui uma população com melhor poder aquisitivo não fica suscetível a esse tipo de culto ou crença religiosa, dificultando a ampliação e disseminação dos pentecostais.”, disse.