O crédito de 2022 será baseado na inflação e nas linhas de crédito? Veja o que os especialistas dizem

A expansão do crédito de 2022 permanecerá em taxas consideráveis, ainda com reflexos do período da pandemia, e segue sob efeito da inflação.

Com o objetivo de apostar em linhas de crédito mais arriscadas, os bancos brasileiros esperam grande rentabilidade. O empréstimo pessoal é de maior risco, mas gera maior rendimento. A expectativa das instituições é avançar em dois dígitos em suas carteiras.

O Banco Central prevê uma alta de 9,4% no estoque de linhas de crédito do sistema financeiro para este ano. A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) estima uma alta de 6,4% apenas.

O crescimento seguirá de forma bem menos expressiva que a ocorrida em 2021, quando o crédito no Brasil teve uma expansão de 16,5%.

Inflação x Crédito de 2022

A inflação tem impacto direto no saldo de crédito de 2022, e isso acontece de duas formas:

  1. Algumas linhas estão atreladas ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), um dos indicadores econômicos mais importantes do país.
  2. Efeito da política monetária, com aumento da Selic.

O segundo cenário traz um crescimento para a carteira dos bancos, que cresce ao estabelecer juros mais altos em novas concessões de crédito, e também com contratos pós-fixados que estejam vinculados à taxa básica da economia.

A inflação esperada pelo BC para este ano é de 5,4%. Portanto, o crescimento real do crédito de 2022 ficaria em 4%. Totalizando os 9,4% já previstos pela autarquia.

De acordo com o CEO do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, “tem um processo inflacionário relevante no Brasil, que é relevante para o crescimento do crédito”. 

Impactos da Pandemia

De acordo com os especialistas, a pandemia foi a principal protagonista em alavancar o crescimento dos empréstimos nos últimos 2 anos.

No período de início da crise sanitária, em 2020, o estoque de empréstimos cresceu em 15,5%. No ano seguinte, 16,5%, a maior porcentagem em 10 anos.

Nos anos citados acima houve também por parte do governo medidas de enfrentamento à covid-19, e entre elas estavam linhas de crédito para micro e pequenos negócios.

Linhas mais rentáveis x Inadimplência

Devido a perda da rentabilidade na pandemia, a estratégia dos bancos agora é crescer em linhas mais arriscadas para recuperar recursos.

De acordo com o superintendente da assessoria econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Everton Gonçalves, “No ano passado, o perfil de crédito mudou no país e migrou para pessoa física, que tem mais risco, mas também tem rentabilidade maior”.

As instituições financeiras já esperam para este ano o aumento da inadimplência, e negociam com o Governo Federal a possibilidade de maior autonomia em mexer nos juros das renegociações.

Como frisado no tópico de inflação,  mesmo com a previsão de uma alta na inadimplência, a carteira dos bancos continuará a subir com a incorporação de juros mais altos em contratos recentes e com linhas pós-fixadas.

Para pessoas jurídicas, o crescimento do crédito em 2022 deve ser mais fraco. O setor está evitando investimentos diante dos altos juros, e também devido a incerteza das eleições deste ano.

O crescimento do crédito à empresas atingiu um pico de 22,97% em janeiro de 2021, mas desacelerou por dez meses seguidos e acelerou levemente em dezembro, a 11,09%