Após torcida única, Gaviões culpa poder público e provoca rivais em nota‏

Após a determinação do Ministério Público Estadual para que a partida entre Palmeiras e Corinthians válida pela segunda rodada do Campeonato Paulista, no próximo domingo, 8, venha a ter apenas torcedores do clube mandante, a Gaviões da Fiel, principal torcida organizada corintiana, emitiu uma nota em seu site e em suas redes sociais, culpando o que chama de “futebol moderno”, e usando palavras como “porcada”, para se referir ao arquirrival.
 
A polícia nunca escondeu que efetuar a segurança para clássicos no antigo estádio do Palmeiras era uma tarefa difícil. Por conta disso, não eram permitidos jogos entre alviverdes e alvinegros no local, que tinha capacidade máxima para 28 mil pessoas. Com a construção da nova arena, com capacidade para 40 mil torcedores, pelo jeito, nada mudou. 
 
A pedido do Ministério Público e com apoio da Polícia Militar, a partida entre Palmeiras e Corinthians, terá torcida única, pela primeira vez na história. Para torcedores de ambos os lados, trata-se da “falência do futebol”.
 
A nota, intitulada “Torcida única Corinthians x Porcu”, demonstra o sentimento do grupo impedido de torcer in loco por seu time. “Os Gaviões da Fiel Torcida vem manifestar seu total repúdio a recém imposição do Ministério Público, que obriga a Federação Paulista de Futebol realizar o clássico entre Corinthians e porcada, com torcida única”. 
 
A determinação da Justiça paulista visa coibir “práticas de violência na cidade de São Paulo”. A preocupação não se dá apenas no entorno e nas dependências da arena alviverde, no bairro da Pompeia, na Zona Oeste. Em páginas das redes sociais, integrantes das organizadas dos dois times prometeram encontros em terminais de ônibus, estações de Metrô e em tradicionais pontos de saídas de caravanas em bairros periféricos.
 
Em outra parte do texto, a direção da torcida chama as autoridades de incompetentes por conta da proibição. “Além disso, acreditamos que tal decisão do MP atesta uma incompetência do poder público e de suas diferentes autoridades, que na incerteza de conseguirem cumprir com seus papeis de ofício, passam a transferir o ônus para os que nada tem a ver com tais responsabilidades: os clubes e seus torcedores. É o Poder Público, mais uma vez, generalizando uma penalização para se livrar de suas responsabilidades por atos isolados”.
 
Em entrevista ao programa Arena SportTV, o promotor Roberto Senise, disse que o Ministério Público não gostaria que o jogo fosse de torcida única, “mas que às vezes o paciente fica tão doente, que é preciso dar um remédio amargo para ele. O MP defende o interesse da sociedade em geral”.
 
O promotor ponderou que, o Tribunal de Justiça ficou estarrecido com a elevação dos ânimos das torcidas de Palmeiras e Corinthians.
 
Promessas de vingança
 
A morte a socos e pauladas de um integrante da Gaviões da Fiel, na noite do dia 24 de janeiro, teria sido o principal motivo para a determinação do MP.
 
Felipe Augusto Belo de Oliveira, de 21 anos, se dirigia, por volta das 22h20 para uma festa dos Gaviões, no Pavilhão do Anhembi, quando teria sido interceptado por palmeirenses na Rua Voluntários da Pátria, em Santana. Dime, como era conhecido, cresceu e trabalhava na principal torcida organizada corintiana.
 
A própria Gaviões da Fiel, através de uma postagem em sua página lamentou o ocorrido. “É com muito pesar, que informamos o falecimento do nosso amigo, irmão, Dime. Um Gavião, um Corintiano, que nasceu e cresceu nos Gaviões. A família Gaviões lamenta muito essa grande perda e transmite nossos sinceros sentimentos a todos os amigos e familiares do Dime, um menino bom, trabalhador, novo, cheio de vida e que nos fará muita falta”.
 
O jovem chegou a ser socorrido por uma ambulância do Samu até a Santa Casa. O caso foi investigado no 20° DP (Água Fria).