Falência de empresas no RS tem aumento de quase 400%; veja dados

A economia brasileira enfrenta um momento delicado, marcado pela recuperação lenta pós-pandemia, levando várias empresas ao limiar entre a sobrevivência e o encerramento de suas atividades. Especificamente no Rio Grande do Sul, o registro de recuperações judiciais e falências atingiu números preocupantes, acendendo um sinal de alarme sobre a saúde financeira do tecido empresarial do estado.

No primeiro trimestre de 2024, o RS registrou um total de 41 pedidos de recuperação judicial, um índice que supera em 485% os dados do mesmo período do ano anterior. Paralelamente, as falências não ficaram atrás, com um crescimento de 380% em relação ao início de 2023, somando 24 casos. Tais números não apenas refletem as consequências diretas de um período econômico turbulento mas também revelam as dificuldades das empresas em se adaptarem a um mercado em constante mudança.

Por que os números são tão altos?

Os motivos por trás desse fenômeno são multifacetados. Desde as repercussões da pandemia, passando por um período de inflação e juros altos, até as complicações na cadeia mundial de suprimentos, vários fatores contribuem para o endividamento e os problemas de caixa enfrentados pelas empresas. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia teve impactos econômicos significativos, afetando negócios ao redor do globo.

Max Mustrangi, sócio-fundador da Excellance, destaca que muitas empresas não se prepararam devidamente para os desafios pós-pandemia, assumindo dívidas altas com créditos caros e gerando dificuldades financeiras insuperáveis. A familiaridade crescente com o processo de recuperação judicial, observada por Robson Lima, consultor da MSC Advogados, também sugere uma tendência de maior aceitação deste mecanismo como ferramenta para a reestruturação de negócios.

Quais são as perspectivas futuras?

Para o futuro, há sinais mistos. A redução da taxa de juro Selic pelo Banco Central vem sendo positiva, assim como a expectativa de uma safra cheia no estado, apesar de cotações mais baixas para a venda. A inflação mais controlada e reajustes salariais mais significativos podem impulsionar o consumo. Por outro lado, desafios como o aumento de ICMS no RS e potenciais pressões internacionais sobre a Petrobras para elevar os preços dos combustíveis podem complicar o cenário.

Celio Levandovski, vice-presidente da Junta Comercial, aponta que os reajustes praticados pela indústria como reposição de perdas impactam negativamente as margens dos supermercados, criando uma cena preocupante para o fechamento das contas empresariais.

As medidas de longo prazo e o papel do planejamento

Diante desse panorama, fica claro que medidas de longo prazo e um planejamento estratégico eficaz tornam-se essenciais para as empresas que desejam não apenas sobreviver mas prosperar em tempos incertos. A adaptação ao “novo normal” e a busca por soluções inovadoras para os desafios financeiros e operacionais são passos cruciais na busca da estabilidade empresarial.

É imprescindível que o setor empresarial, o governo e as instituições financeiras trabalhem conjuntamente para criar um ambiente que favoreça a recuperação econômica e fortaleça o tecido empresarial do Rio Grande do Sul. Tal esforço conjunto pode ser o diferencial na transição para uma era de prosperidade econômica reestabelecida.