Ex-treinador do Inter desabafa ao relembrar demissão do clube

No mundo do futebol, poucos eventos são tão marcantes quanto o rebaixamento de um grande clube. Em 2016, o Internacional enfrentou o pior momento de sua história com o primeiro rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Esse ano foi marcado por instabilidades administrativas e uma dança das cadeiras no comando técnico, que culminou em desempenhos abaixo do esperado.

Um dos técnicos que passou pelo Estádio Beira-Rio nesse período foi Paulo Roberto Falcão. Ídolo como jogador, suas semanas como treinador foram curtas e repletas de desafios. A falta de tempo para treinar e as trocas frequentes na liderança técnica desestruturaram o plantel, impactando diretamente os resultados em campo.

Principais dificuldades encontradas por Falcão no Internacional?

Em uma entrevista ao canal “Dale TV”, conduzida pela ex-estrela D’Alessandro, Paulo Roberto Falcão desabafou sobre os obstáculos que encontrou. Segundo ele, não houve respeito suficiente pelo trabalho técnico, independentemente de seu histórico como jogador. Falcão destacou que teve apenas cerca de 11 horas efetivas para treinar a equipe, tempo comparável a uma viagem de ônibus de Porto Alegre a Curitiba.

“Não é nem falta de respeito com o que eu fiz como jogador. Eu esqueço isso. Foi falta de respeito ao treinador, mesmo que nunca tivesse jogado no Inter. Não dá para imaginar que com 25 dias você vai mudar um time. Foi um absurdo. Eu pedi para o preparador físico fazer um cálculo. Quanto tempo eu tive o time na minha mão? Não a parte física, só técnica. E deu 11 horas. Tu pega um ônibus de Porto Alegre e vai até Curitiba. Quando chegar lá, vai ser todo o tempo que eu consegui treinar o time naquele ano”, disse o ex-treinador.

Essa temporada fatídica foi marcada não apenas pela inadequação nos treinos mas também por uma gestão questionável. Falcão tentou implementar mudanças estratégicas baseadas em relatórios psicológicos dos jogadores, mas foi impedido pela sua abrupta demissão.

Essa instabilidade gerencial foi um componente crucial para o rebaixamento, refletindo uma descontinuidade que afetou profundamente o moral da equipe e a performance nos jogos. A troca frequente de técnicos durante o campeonato evidencia a falta de um plano de longo prazo para o clube.

“Quando eu cheguei, eu fui na área de psicologia do clube e pedi um relatório de cada jogador. Eu iria me basear naquilo, porque era jogo a cada três dias e eu não tinha tempo para treinar. E eu tive esse relatório. Com esse relatório da psicologia, eu tinha quem era mais sanguíneo, mais melancólico, quem sentia mais a pressão, quem crescia nos momentos decisivos. Iria começar a montar o time a partir disso também. Mas aí eu fui demitido”, finalizou Falcão.