El Niño pode passar pelo Rio Grande do Sul em breve? Veja previsões

Depois de três anos consecutivos sob efeitos do fenômeno La Niña, o fenômeno El Niño deve passar pela Terra ainda em 2023. No Rio Grande do Sul, um novo El Niño, com base nos anteriores, pode significar mais tempestades com granizo e vento forte durante a primavera deste ano e o verão de 2024.

Segundo o meteorologista da Climatempo Vinícius Lucyrio, enquanto o La Niña corresponde ao resfriamento do Oceano Pacífico equatorial, o El Niño é o contrário. Quando ele está em ação, uma faixa estreita de águas desta região fica mais quente do que o normal. O El Niño pode durar até um ano e vem com intensidade maior do que eventos de La Niña.

“É como se a energia de todo um La Niña mais duradouro fosse concentrada num período mais curto de El Niño. O fenômeno La Niña não vem com tanta intensidade, mas dura mais. O El Niño costuma vir com uma intensidade moderada, por vezes forte, mas tem uma duração menor. Em geral, ele está associado ao aumento da chuva durante a primavera e o começo do verão, no Rio Grande do Sul”, explica o meteorologista.

Os principais centros de estudos meteorológicos no mundo, como o International Research Institute for Climate and Society, indicam que a probabilidade de um El Niño se iniciar ainda neste ano é de 51%. Se o fenômeno se confirmar, a maior preocupação dos cientistas é a temperatura média anual da Terra aumentar 1,5°C.

O meteorologista Lucyrio vai além, acrescentando a formação do chamado complexo convectivo de mesoescala, um grande conglomerado de nuvens com formato quase circular e capaz de cobrir o Estado inteiro, com potencial de trazer chuva muito volumosa, acompanhada de descargas atmosféricas, vento forte, podendo causar microexplosões (quando toda a chuva de uma única nuvem cai de uma vez, causando forte corrente de vento da nuvem em direção ao chão, concentrada em uma pequena área, e gerando fortes rajadas de vento em superfície) e até atividades de tornado.

Já a professora do curso de Meteorologia da Universidade de Federal de Santa Maria (UFSM) Simone Ferraz acredita ser cedo para se dizer que um El Niño irá se formar porque o aumento da temperatura do oceano está gradativo. Antes deste fenômeno, porém, lembra a professora, ainda haverá um período no outono e no inverno em que o planeta não estará sob efeito de La Niña ou El Niño, a chamada condição neutra.