Demolição da casa onde morava Caio Fernando Abreu é adiada pela prefeitura de Porto Alegre, após protestos

A ação popular movida na justiça para suspender a demolição da casa do escritor Caio Fernando de Abreu, em Porto Alegre, foi deferida pelo Tribunal da Justiça nesta quinta, 28.

Porém, no mesmo dia em que a liminar foi concedida, a derrubada da casa já havia completado 10 dias. O magistrado lamentou a demolição do imóvel e apresentou alternativas.

Segundo o juiz Hilbert Maximiliano Akihito Obara, ainda é possível “evitar a consumação integral dos danos”, e que, caso necessário, medidas de restauração poderão ser tomadas.

O documento justifica que “o interesse público vai além financeiro, (…) devendo respeito à Constituição e fins democráticos”, e cita que a casa é um bem inestimável, que faz parte da memória e do patrimônio cultural do povo.

Reunião com a AACF

Os integrantes da Associação Amigos do Caio Fernando Abreu (AACF), responsáveis por movimentar a ação popular na justiça, reuniram-se com o secretário municipal da Cultura, Gunter Axt.

No encontro, foram discutidas ideias que envolviam homenagens ao poeta, como a construção de uma estátua no endereço da antiga casa e a reconstrução do prédio para a instalação de um centro cultural voltado para o escritor, caso seja um acordo comum com os atuais proprietários. O secretário revelou que se manifestará sobre o assunto quando for ouvido no processo.

Casa de Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre em 1994, e escolhe a casa n° 12 da Oscar Bittencourt, no bairro Menino Deus, como seu abrigo nos seus últimos anos de vida.

A casa encontra-se imortalizada em sua obra, com destaque para o livro “Ovelhas Negras”, publicado em 1995, com passagens que citam a sua rotina pela casa.

Em 2010, foi iniciada uma mobilização chamada “Salve a Casa do Caio Fernando Abreu”, com o objetivo de garantir o tombamento do imóvel, mas não houve sucesso. Hoje, o imóvel e a casa ao lado, de número 10, pertencem a um casal de dentistas. Em abril, a prefeitura da Capital tinha cedido a licença para a demolição total de ambas as construções.