Casa utilizada pela ditadura é anunciada em Porto Alegre e história impressiona

Uma antiga casa utilizada durante a ditadura em Porto Alegre foi anunciada na plataforma de residências por temporada Airbnb. Uma usuária que procurava por uma reserva encontrou a acomodação anunciada no site e se chocou com o que encontrou.

Em um anúncio que dizia “Aproveite sua estadia nesta casa de estilista, remodelada e serenamente jardinada em 1927. Nossa casa espaçosa, antiga, original e recentemente remodelada, proporciona uma estadia tranquila e segura para os hóspedes que pretendem ter uma estadia única no centro de Porto Alegre” a usuária encontrou comentários citando uma “energia pesada” no local.

Nas descrições foi citada a existência de uma placa colocada pelo projeto Marcas da Memória, criado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos e pela Prefeitura de Porto Alegre. Esta identificação marca os locais onde foram cometidos atos contra os direitos humanos no período da ditadura. A placa chegou a ser tapada com cimento e levou a um pedido de recolocação feito pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul.

A inscrição diz: “Primeiro centro clandestino de detenção do Cone Sul. No número 600 da rua Santo Antônio, funcionou estrutura paramilitar para sequestro, interrogatório, tortura e extermínio de pessoas ordenados pelo regime militar de 1964. O major Luiz Carlos Menna Barreto comandou o terror praticado por 28 militares, policiais, agentes do Dops e civis, até que apareceu no Guaíba o corpo com as mãos amarradas de Manoel Raimundo Soares, que suportou 152 dias de tortura, inclusive no casarão. Em 1966, com paredes manchadas de sangue, o Dopinha foi desativado e os crimes ali cometidos ficaram impunes”.

Um comentário no Airbnb cita pichações na frente da residência, além de respingos vermelhos nas paredes da casa.

O casarão foi considerado como um antigo centro de tortura desde 2011. Movimentos políticos buscavam a incorporação da residência ao patrimônio público, porém nenhum processo foi concluído.
De acordo com o Comitê Carlos de Ré da Verdade e Justiça, o prédio passou por reformas e melhorias, como a colocação de uma piscina no fundo do local. Para o comitê, a construção possui interesse histórico para Porto Alegre e qualquer alteração no imóvel deveria ser aprovada pelo Executivo.