Banrisul privatizado? Lucro de R$ 391 milhões no primeiro semestre não muda cenário

O Banrisul, considerado o maior banco estadual do Brasil, obteve um lucro líquido de R$391 milhões apenas no primeiro semestre do ano. Porém, mesmo com os registros positivos, a instituição segue sob os olhares da privatização.

Ainda que o saldo de R$391 milhões seja positivo, o resultado apresentado é 39,1% menor em relação ao registrado em 2021 no mesmo período.

No segundo trimestre de 2022 o Banrisul apontou um crescimento de 38,8% com lucro de R$227,8 milhões, bem acima dos 164,1 milhões registrados no período anterior. Os valores foram indicados pela Subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Segundo o relatório emitido pelo banco, há uma redução da margem financeira, crescimento de despesas, menor volume de tributos sobre o lucro, aumento das receitas de prestação de serviços e maior fluxo de despesas.

No final do primeiro semestre deste ano, o banco dos gaúchos tinha em seu quadro de funcionários 8.789 empregados com o encerramento de 367 postos de trabalho no período de 12 meses.
Foram fechadas quatro unidades de agências do Banrisul no mesmo período, além de 26 postos de atendimento bancários e também eletrônicos.

Segundo Everton Gimenis, vice-presidente da CUT, a falta de projetos para contratação de funcionários faz parte de uma estratégia que visa a privatização. “A diretoria do Banrisul, nomeada pelo ex-governador e agora candidato à reeleição Eduardo Leite (PSDB), é privatista de carteirinha. Ao invés de abrir concurso para contratar funcionários e preencher as vagas abertas, o assédio moral foi institucionalizado, através da cobrança de metas abusivas”, aponta.

Everton também é diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, além de vereador suplente do Partido dos Trabalhadores (PT).

Gimenis seguiu firme em suas críticas contra o governo: “Depois que a maioria da Assembleia Legislativa rasgou a Constituição Estadual do Rio Grande do Sul e aprovou a PEC 280, que acaba com o plebiscito para privatização do Banrisul, da Corsan e da Procergs (Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Rio Grande do Sul), o governo gaúcho não precisa mais consultar o povo para entregar o Banrisul para as garras da iniciativa privada, o que facilita a venda de um dos nossos maiores patrimônios”, e “O que querem fazer com o banco é o que fizeram com a CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), que hoje, a cada vez que chove, deixa centenas de trabalhadores sem energia elétrica”, completou.