Aumento de casos de ameaça e lesão corporal contra mulheres gera alerta no RS

No ano de 2023, no Brasil, houve um notório aumento da violência contra a mulher, principalmente em casos de agressão física. A apresentadora Ana Hickmann, por exemplo, que, aos 42 anos, procurou a polícia para denunciar que havia sofrido agressão por parte do marido. Esse infeliz acontecimento que ocorreu dentro de sua própria casa, acabou ganhando destaque nacional.

No Rio Grande do Sul, os números também são assustadores. Entre janeiro e novembro de 2023, foram registrados cerca de 47,7 mil casos de violência física e ameaças contra mulheres. Os dados são fornecidos pela Secretaria da Segurança Pública do Estado.

Qual o aumento no número de ocorrências?

As estatísticas mostram que houve um aumento de 9,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Aproximadamente 17.739 mulheres foram vítimas de agressões físicas nesses 11 meses. Este número alarmante sugere que, em média, uma mulher gaúcha é agredida a cada 27 minutos. Além disso, a ocorrência de ameaças também teve um crescimento de 6%. Portanto, em média, um caso de violência ou ameaça é registrado a cada dez minutos.

Qual é a percepção em relação ao aumento das ocorrências?

Infelizmente, muitos casos de violência não são reportados à polícia, o que significa que os números reais são muito maiores. Este fenômeno é conhecido como subnotificação. No entanto, a delegada Cristiane Ramos, titular da Divisão de Proteção à Mulher (Dipam) no Estado, vê o aumento das ocorrências de violência de uma maneira positiva, pois isso pode indicar que as mulheres estão se sentindo mais acolhidas para denunciar esses casos.

Cristiane ainda reforça que a Polícia Civil investiu na qualificação de suas equipes por meio de cursos sobre atendimento e enfrentamento a feminicídios. A tentativa é a de reduzir o tempo de espera para o atendimento e, consequentemente, diminuir a chance de que as vítimas desistam de registrar as ocorrências. O Ministério Público, por meio da promotora de Justiça Ivana Battaglin, nota que os dados de violência doméstica contra as mulheres têm aumentado em geral pelo país. Ela ressalta a necessidade de políticas públicas para proteção das mulheres e trabalhos educativos contra estereótipos de gênero.

A tentativa de redução das agressões e feminicídios

Em contraste com os casos de violência e ameaças, há uma diminuição nos casos de feminicídios. No mesmo ano, foram registrados 80 casos de feminicídios no RS, o que significa uma diminuição de 21,5%. Em Porto Alegre, a diferença é ainda maior, com uma redução de 72%. Isso se deve, em parte, ao uso de tornozeleiras eletrônicas para monitorar os agressores.

O caminho para combater a violência contra a mulher é amplo e requer esforços de todos os setores da sociedade. Incentivar a denúncia, investir em políticas públicas de proteção, capacitar servidores, fiscalizar o cumprimento das medidas protetivas e promover a conscientização sobre a prevenção da violência são algumas das maneiras de enfrentar este grave problema.

Em caso de violência, não hesite em buscar ajuda. Entre em contato com a Polícia Militar pelo telefone 190 ou vá à Delegacia da Mulher mais próxima. Não é preciso ter marcas de violência física para denunciar. Um relacionamento tóxico pode ser identificado por outras formas de agressão, como ameaças, perseguição ou situações de menosprezo e humilhação.