Com festival de música a mil reais, periferia sustenta rodas de pagode em SP

Sábado de aleluia em São Paulo, enquanto alguns mais abastados pulam, dançam e pisam no lamaçal que virou a sede do Jockey Club, no festival de música Lollapalooza, na região da Cidade Jardim, zona Oeste da capital, outros se divertem em pequenos bares e butecos que tomam conta dos mais diversos bairros, distantes quilômetros daquela pequena parte rica.
A reportagem do Infodiretas acompanhou a tarde de um grupo de pagode que tocava em um bar da Avenida Baependy, no bairro do Campanário, em Diadema, município do ABCD que faz divisa com o primo abonado São Paulo.

Com mesas e cadeiras espalhadas pela entrada do bar, o local é frequentado por jovens que, além de pagarem barato para tomar uma cerveja, comem churrasco e escutam músicas antigas que embalaram a periferia de São Paulo na década de 90. Clássicos dos grupos Raça, como Seja mais você e Teu chamego, Katinguelê e Soweto contagiam a tarde ensolarada. O grupo em questão, Virada de Mesa, tem seus integrantes moradores da região. Cada um chega ao local com seu instrumento em mão. Erick de Morais, de 16 anos, além de fazer às vozes, toca o violão, junto a seus amigos, com idade entre 18 e 20 anos, que também cantam. Há pandeiro, tantã e outros instrumentos de percussão, além de uma mesa de som.

Erick, ao centro, é vocal e violão
Erick, ao centro, é vocal e violão

A música interpretada pelos amigos do Campanário, só é abafada ao som das motos potentes que ali passam e dos escapamentos dos carros velhos que transitam a todo momento. Um dos ouvintes da roda de samba, diz: “É só pedir que eles tocam!”. No bar, há cerca de vinte pessoas, que pagam R$ 5 em uma cerveja e comem carne à vontade, graças à vaquinha feita horas antes. O que falta ao grupo Virada de Mesa para tocar em outra freguesia, e talvez quem sabe, ganhando algum dinheiro, ao menos para às despesas dos rapazes, é a falta de oportunidade. Diferentemente do evento, que chega a cobrar ingressos de quase mil reais, mas com bandas pouco conhecidas do grande público, é de que elas ao menos, tiveram oportunidade de tocar em algum local aonde conseguiram ser garimpadas e apresentadas a um público maior. Mesmo pagando caro, os jovens do Lollapalooza também sofrem, ao menos 30 objetos eletrônicos foram furtados e recuperados pela polícia.