“12 atestados em um mês”: Práticas enganosas usadas por médicos do Samu no RS deixam população revoltada
Médicos da central do SAMU, em Porto Alegre, que atende a chamados de mais de 200 municípios do Rio Grande do Sul, chegam atrasados, não cumprem toda a carga horária e trabalham menos do que deveriam. O escândalo na saúde pública foi revelado no domingo (27), em reportagem exibida pelo programa Fantástico, da Globo.
De acordo com a investigação, os profissionais não cumpriam, em média, 60 das 100 horas que deveriam trabalhar. Entretanto, não deixavam de receber por essas horas perdidas. Além disso, fatores indiciam que essas faltas eram abonadas de forma irregular pela direção da central, que alegava haver “problemas na marcação pelo relógio de ponto.”
As irregularidades foram relatadas ao repórter Giovani Grizotti pelo enfermeiro Cleiton Felix, que trabalhou no local por 13 anos. “Depois que escurece, das 19 horas em diante, existe um revezamento. Escala da escala. É uma escala pactuada entre os profissionais que se ajustam para fazer um plantão mais curto”, disse Cleiton ao jornalista, que conseguiu entrar na central se passando por um socorrista.
Médica do SAMU apresentou 12 atestados em apenas um mês; profissional é suspeita de falsificar documentos
Além da irregularidade de plantões, também foi revelado pelo coordenador do SAMU, Jimmy Herrera, que uma médica apresentou 12 atestados de uma mesma médica em apenas um mês. A profissional revelou ter assinado apenas um dos documentos e não reconheceu sua assinatura nos outros 11.
O coordenador acredita que a profissional, responsável por pelo menos uma das assinaturas, estava sendo lesada, com seu receituário e carimbo sendo usados pela médica do SAMU sem seu conhecimento. “Foi aberto processo administrativo e essa médica reguladora pediu exoneração”, disse.
A secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul informou que criou uma “comissão de sindicância”, que tem 30 dias para apurar as denúncias mostradas pelo Fantástico.
Imagem: Divulgação / Ministério da Saúde
